De acordo com a lenda mitológica, Saturno (Cronos), que havia destronado seu próprio pai, foi alertado por um oráculo que um de seus filhos o derrubaria do poder.
Para impedir que a profecia se cumprisse, Saturno devorou cada um de seus filhos que teve com Reia, sua mulher, assim que nasceram, por temor a ser destronado por um deles.
No entanto, Reia salvou Júpiter (Zeus). Assim que nasceu, Reia o embrulhou em uma pedra como se fosse um bebê e deu para Saturno, que o engoliu imediatamente, sem nada perceber.
Com a ajuda de sua mãe, Reia escondeu Júpiter na pequena ilha de Creta.
Anos mais tarde, Júpiter deu a seu pai uma poção que o fez regurgitar seus irmãos.
Júpiter então derrotou Saturno e governou sobre a terra, cumprindo a profecia.
A obra de Goya, Saturno devorando um filho, exposta no Museu Nacional do Prado, em Madri, faz parte de conjunto de catorze cenas conhecidas como “Pinturas Negras”, devido ao uso de pigmentos escuros e negros, assim como pelo modo sombrio dos temas.

Francisco Goya, Saturno devorando um filho, 1818
Museu Nacional do Prado, Madri.
A pintura mostra a figura imponente de Saturno emergindo da escuridão. Seus olhos parecem saltar de seu rosto. Ele parece enlouquecido.
Enquanto se prepara para dar uma mordida, Saturno crava seus dedos no corpo do próprio filho, que está imóvel e sem vida. Sua cabeça e braço já foram devorados.
Apenas a carne e o sangue do cadáver mutilado têm cor na cena escura, o que representa o medo de Saturno de ser usurpado do poder por um de seus descendentes. O fato de o corpo do filho ser retratado como o de um adulto, amplia a tensão da obra.
Especialistas afirmam que a obra de Goya seria uma crítica ao governo espanhol da época. Saturno representaria o governo que, com sua negligência, destruiu o próprio povo, engolindo-o.
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