Salvator Mundi, datado de aproximadamente 1500, foi a última obra atribuída a Leonardo da Vinci. Em 2017, foi leiloada pela Christie’s, em Nova York, por mais de 450 milhões de dólares, tornando-se a pintura mais cara já leiloada. Acreditava-se que se tornaria parte da coleção do Museu Louvre Abu Dhabi, mas a obra ainda não foi vista em público desde a noite do leilão.
Por séculos, a obra Salvator Mundi (Latin para “o Salvador do Mundo”), uma imagem de Jesus Cristo, foi tida como cópia ou trabalho de um dos assistentes de Leonardo da Vinci. Na década de 1950, a obra foi rejeitada como original e vendida como cópia, por 57 dólares. Já em 2005, a obra foi comprada por menos de dez mil dólares por um consórcio liderado por negociantes de arte, na esperança de que ela pudesse ser revelada como um autêntico Da Vinci. Seis anos depois, após um longo processo de investigação e restauração, a pintura foi finalmente declarada como obra do mestre italiano.
No entanto, a atribuição da pintura foi questionada por vários historiadores de arte. Sua autenticidade como produto da própria mão de Leonardo foi objeto de intenso debate. Alguns especialistas acreditam que o Salvator Mundi deveria, no mínimo, ser parcialmente atribuído à oficina de Da Vinci.
Martin Kemp, acadêmico especializado em Leonardo da Vinci, disse à CNN: “A imagem, em várias áreas-chave, mostra o que eu chamo de ‘ciência da arte’ de Leonardo”. Ele justicou afirmando que a compreensão que Leonardo da Vinci tinha sobre vários aspectos da natureza e de como isso podia ser recriado era algo que nenhum copista poderia realmente captar e copiar. E completou dizendo que os pintores da oficina de Leonardo ou os seguidores dele não tinham aquele nível de compreensão intelectual da ciência, óptica, anatomia, dinâmica e assim por diante. Outros estudiosos, que apóiam a autenticação, afirmam que a técnica do sfumato usada no rosto retratado na pintura e o uso de pigmentos e painéis são consistentes com a obra do artista.
Mas agora a pintura está envolta em um novo mistério: onde estará Salvator Mundi?
A pintura “desapareceu” desde a noite do leilão e especulações a respeito de seu paradeiro não param de surgir na mídia. Uma das últimas, publicada pela Artnet, é de que a obra estaria em um iate de luxo, de propriedade do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad Bin Salman. Isso porque se acredita que a oferta, de quebra de recorde, tenha sido feita pelo príncipe saudita, Badr Bin Abdullah Bin Mohammed bin Farhan al-Saud, em nome de Bin Salman. Mas a teoria mais aceita é que a obra esteja armazenada na Suíça – especificamente em Genebra – onde, de acordo com o New York Times, mais de um milhão de obras de arte são mantidas em armazéns ou cofres, livres de impostos, por colecionadores e galerias.
Em 2011, após os seis anos de pesquisas de investigação e autenticação, a National Gallery de Londres revelou a pintura recém-restaurada na exposição intitulada Leonardo. Eu tive a oportunidade de vê-la pessoalmente. Estar diante de uma obra de um gênio como Leonardo, que havia sido recentemente trazida ao público, foi bastante emocionante.
Por esse motivo torço para que o Museu Louvre Abu Dhabi, que havia anunciado que iria exibir a pintura em setembro de 2018 e adiou a inauguração sem explicação, esteja intencionalmente escondendo-a. O objetivo seria gerar especulações sobre o paradeiro da obra para trazer-lhe fama ao despertar o interesse nas pessoas em irem vê-la, quando, finalmente, inaugurarem sua exposição em grandioso evento. Custa-me acreditar que uma obra-prima tão rara fique armazenada em cofres suiços ou limitada ao deleite de poucos, o que tiraria do grande público a chance de poder apreciá-la.

Museu Louvre Abu Dhabi. Crédito de imagem: Francisco Anzola – Wikimedia Creative Commons 3.0
2 Comments
congratulations for this work
Thank you, Mao!!
Carolina