A Oetker, fabricante alemã de produtos alimentícios, devolveu uma obra do pintor alemão Carl Spitzweg aos herdeiros de um comerciante de tabaco judeu, que foi assassinado pelos nazistas no campo de concentração de Buchenwald.
A pintura, característica do período romântico tardio, conhecida como Der Hexenmeister (Feiticeiro e Dragão), fazia parte de uma pequena coleção montada por Leo Bendel, que morava com sua esposa não judia em Berlim.
Bendel foi perseguido por motivos raciais e forçado a deixar seu emprego em 1935. Planejando fugir da Alemanha nazista, vendeu algumas pinturas para a Galerie Heinemann, em Munique, em 1937. Entre elas, a pintura Der Hexenmeister, que foi comprada por Caroline Oetker, naquele ano.
Desde a Declaração de Terezin, de 2009, também são consideradas como roubadas obras vendidas entre 1933 e 1938, pois entende-se que os colecionadores foram obrigadas a vendê-las.
Leo Bendel foi preso pelos nazistas em Viena e deportado para o campo de concentração de Buchenwald, onde morreu em 1940. Sua viúva não judia sobreviveu à guerra.
Confiscar obras de arte foi tão importante para Hitler como obter vitórias militares. Pintor frustrado – ele foi rejeitado pela Academia de Belas Artes de Viena -, ele tinha como ambicioso plano construir, em Linz, sua cidade natal, um “super museu”, o Führermuseum (Museu do Líder, em português); destino final para a maioria das obras confiscadas, roubadas e pilhadas.
“Infelizmente”, declarou o advogado dos herdeiros de Bendel, “soluções amigáveis e equitativas como essa ainda são uma exceção à regra”. Durante anos, sobreviventes do Holocausto e seus herdeiros têm tido que enfrentar um longo e complicado processo burocrático e jurídico para recuperar obras de arte roubadas deles durante a guerra. Em muitos casos, obras saqueadas estão agora em museus e coleções particulares, tornando a luta pela restituição ainda mais complexa.
Acredito que nenhum governo, museu, colecionador particular, casa de leilões ou comerciante de arte deveria comercializar ou possuir arte roubada pelos nazistas. Como o tema da arte saqueada pelos nazistas já se tornou parte importante das discussões relacionadas à memória do Holocausto, restituí-las é uma obrigação moral. Devemos isso não apenas àqueles que perderam tanto no Holocausto, mas também ao nosso próprio senso de justiça.
2 Comments
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Carolina