Frédéric Chopin, notável pianista e compositor da era Romântica, é um dos poloneses mais famosos. Você sabia que ignorar ou questionar a nacionalidade dele é considerado uma blasfêmia na Polônia?
Ao contrário do que se comumente imagina, o compositor Frédéric Chopin era polonês; não, francês. Ele nasceu na Polônia, em 1810, e passou metade de seus trinta e nove anos nesse país. Apenas aos vinte anos, partiu para a França, país em que viveu até morrer, em 1849.
A confusão em relação a sua nacionalidade vem inicialmente por causa de seu sobrenome: “Chopin”, que de polonês não tem nada, é verdade! O sobrenome do pianista, cuja origem é de fato francesa, foi herdado de seu pai, francês, que se mudou para a Polônia ao dezesseis anos idade, se casou com uma polonesa e fez no país a sua vida.
Chopin teve contato com a música desde muito cedo, crescendo em um ambiente familiar bastante musical: sua mãe tocava piano e cantava, e seu pai tocava flauta e violino. Aos seis anos de idade, o jovem Chopin tocava habilmente piano e compunha melodias. Aos sete, ele publicou sua primeira composição. Chopin deu o primeiro concerto aos oito anos e foi logo considerado um prodígio. Passou, então, a se apresentar nos salões da aristocracia Varsóviana; e a imprensa da cidade, encantada com o talento de Chopin, ajudou a difundir o nome do jovem artista. Em 1819, ele estreou internacionalmente em Viena e, nos anos seguintes, apresentou-se em vários países na Europa.
Em 1831, Chopin chegou em Paris, onde passou o resto de sua vida. Foi lá que escreveu algumas das suas melhores músicas para o piano. Também foi na capital francesa que ele se tornou mundialmente famoso. Esta é outra razão pela qual o compositor é relacionado mais à França do que à Polônia .
Chopin seguiu para Paris em 1831, sem a intenção de ficar por lá para sempre. No entanto, acontecia, nesse período, em Varsóvia, o Levante de Novembro (1830-31), uma revolta armada contra o domínio russo na Polônia. Enquanto a caminho de Paris, vindo de Viena, o compositor recebeu notícias do fracasso do levante. Chopin, nacionalista declarado, que acreditava fortemente na idéia de uma nação polaca, acabou ficando exilado em Paris, pois o retorno à terra natal implicaria sua prisão.
Em Paris, Chopin teve uma carreira de sucesso. Teve a oportunidade de conhecer músicos consagrados, como Rossini e Cherubini; além de outros de sua geração, como Mendelssohn, Berlioz, Lizst e Schumann. No âmbito privado, manteve relacionamento complexo e tumultuado com a escritora George Sand.
O pianista polonês passou os últimos anos de sua curta vida em um estado quase constante de problemas de saúde. Depois de meses bastante doente, Chopin morreu de tuberculose, em Paris, em 1849, aos 39 anos de idade.
Poucas horas antes de sua partida, ele pediu sua aluna e amiga Delphina Potocka para cantar três melodias de Bellini e Rossini, que ela cantou chorando. Ele morreu como viveu: cercado por música.
O corpo de Chopin foi enterrado no famoso Cimetière du Père-Lachaise, em Paris.
Mas seu coração foi levado para a Polônia. Após sua morte, atendendo a um pedido de Chopin, sua irmã levou o coração do compositor – conservado em conhaque – de volta a sua terra natal. O órgão está preservado em urna e guardado em um dos pilares da Igreja da Cruz Sagrada, em Varsóvia. Desde então, tornou-se passagem obrigatória para quem visita a capital polonesa.
Não é difícil perceber pelas composições – várias de suas obras têm influência do folclore polonês, como é o caso das mazurcas e das polonaises – o quão perto da Polônia permaneceu o coração de Chopin. E menos difícil ainda é notar a paixão e o orgulho do povo polonês por seu famoso conterrâneo.
Para mim, um dos presentes de viver em Varsóvia foi descobrir Chopin visto pelo olhar amoroso do povo polonês. Perceber que ele vive em cada cantinho, não só desta cidade, mas deste país. A cada piano que vejo espalhado pela cidade e disponível para quem quiser tocá-lo; na música delicada tocada nos trens alertando-nos da “próxima parada”; nos prazerosos concertos ao ar livre durante o verão; nas inúmeras homenagens feitas ao compositor; sinto que a Polônia e Chopin vão conquistando “em uníssono” o meu coração; e que, quando eu partir, eles farão parte de uma só memória.
Crédito da imagem da capa: Henryk Siemiradzki (Wikimedia Commons).
8 Comments
Excelente artigo, Carolina!
Eu, ao contrário de muitos, já sabia desde pequeno que Chopin era Polonês e não Francês – sério mesmo! Foi por sorte ter recebido um disco de vinil que continha um encarte com uma sucinta biografia.
Foi algo que me evitou dores de cabeça com amigos poloneses e me conferiu uma enorme vantagem com uma certa garota de Varsóvia 🙂
Chopin é, sem dúvida nenhuma, um dos heróis nacionais da Polônia. Era, apesar da descendência Francesa por parte de pai, um fervoroso nacionalista que, quando exilado na França por motivos políticos, dormia com uma pequena bolsa de terra (de sua cidade natal, Żelazowa Wola ) debaixo do travesseiro. Seu coração, realmente, nunca havia deixado a Polônia.
É verdade, Marco, saber esse detalhe te faz ganhar pontos com os poloneses!
Bom dia Carolina. Gostei muito sobre o relato da vida de Chopin. Também não sabia que ele tinha nascido na Polônia. Ouvi muito as suas obras e nunca me liguei no vínculo que Chopin tinha (e tem )com a Polônia. Seus textos sempre são culturais. Parabéns por essa iniciativa, que está solidificando-se cada vez mais. Brilhante!!!
Obrigada pelos comentários e pelo incentivos, Lenoir!
Полезно
Obrigada por ter me enriquecido com tantas informacoes desse artista cuja obra tanto admiro.
Olá gostei muito do artigo sobre Chopin, se você puder escreva um artigo sobre Franz Liszt.
Prezada Carolina Horta,
Parabenizo -a pelo artigo sobre o grande e imortal Chopin!
Através da história, da arte, temos o privilégio de ampliarmos nossos conhecimentos culturais , que podem contribuir para a construção de mundo mais humano!
Obrigada