Tapeçarias de Rafael voltam à Capela Sistina depois de 500 anos
Este marca o 500º aniversário da morte do pintor Rafael Sanzio, e os Museus do Vaticano, que possuem vários de seus afrescos e pinturas, já começaram a homenagear o grande artista. Este mês, esteve em exposição, nas paredes da Capela Sistina, dez tapeçarias pintadas por Rafael (1483 – 1520).
Rafael, ao lado de Leonardo Da Vinci e Michelangelo, é considerado parte da “trindade sagrada” de artistas mestres da Alta Renascença italiana. Ele não apenas dominava as técnicas fundamentais da arte do Renascimento – sfumato, perspectiva, correção anatômica precisa e emocionalidade e expressão autênticas –, como também incorporou um estilo individual conhecido pelo extraordinário refinamento, clareza, composição sem esforço, delicadeza quase evanescente das feições de suas figuras e profundo sentimento.
Rafael já trabalhava para o Vaticano, quando, em 1515, o Papa Leão X lhe pediu que pintasse cenas da vida de São Pedro e São Paulo, para serem tecidas como tapeçarias na Bélgica.
O Papa as viu penduradas nas paredes da capela, pela primeira vez, em 26 de dezembro de 1519, dia da festa de Santo Estêvão. Quando foram expostas, as tapeçarias, feitas de seda, lã e fios de prata, causaram impacto devido à grande escala das pinturas, ao drama da composição e à expressividade das figuras, responsável pela impressão de que elas saltavam da superfície da imagem.
Hoje expostas no Salone di Raffaelo, na Pinacoteca Vaticana, as tapeçarias são usualmente exibidas sob o vidro, por razões de conservação, o que pode ser decepcionante para uma boa observação de têxteis. Ao contrário, na exposição no Vaticano, elas estarão sem a proteção do vidro. Assim, o visitante poderá vê-las como o papa as viu, abaixo dos afrescos da vida de Moisés e Jesus Cristo, pintados pelos maiores pintores italianos do século XV, como Botticelli, Perugino, Ghirlandaio e Signorelli, e sob o sublime teto de Michelangelo, concluído em 1512.
As tapeçarias eram tão preciosas que só eram penduradas durante as principais festas religiosas. Acredita-se, por isso, que no dia da festa de Santo Estêvão, Rafael as viu in situ pela primeira e última vez, uma vez que o artista morreu menos de quatro meses depois, aos 37 anos de idade.