Não se sabe como essa cópia, que integra as Coleções Reais do Museu desde 1666, chegou à Espanha.
Durante anos, ela foi considerada simplesmente uma cópia sem importância, que diferia da original, principalmente, pelo fundo preto que cobria o quadro e pela qualidade inferior do desenho.
No entanto, em fevereiro de 2012, chegou-se à conclusão surpreendente de que o que, até então, se considerava mais uma versão do original, uma peça de pouca importância, era, na verdade, uma pintura única.
Durante o processo de restauração da obra, percebeu-se que o fundo escuro que envolvia o rosto da Gioconda havia sido pintado posteriormente. Após limpar e retirar o verniz escuro, descobriu-se que, por baixo do fundo negro, se encontrava uma paisagem idêntica à obra de Leonardo.
Tal descoberta foi seguida por outra, anda mais importante. As radiografias feitas na versão do Prado, mostraram que as mesmas alterações e correções feitas por Leonardo durante o processo de execução da obra, inclusive aquelas visíveis na superfície pictórica, foram, também, repetidas na obra do Museu do Prado.
A descoberta levou os especialistas a concluírem que a obra havia sido executada ao mesmo tempo em que Leonardo pintava o original, provavelmente, por um discípulo que trabalhava lado a lado ao grande mestre, em sua oficina em Florença. Acredita-se que o discípulo repetiu o processo do mestre em todos os passos, desde o desenho preparatório até os últimos estágios.
Quase dez anos depois dessa revelação, avanços científicos e historiográficos permitiram expandir o que já era conhecido e consolidar o que se dava por certo a respeito da pintura.
Entre as descobertas recentes, destaca-se a atribuição ao mesmo autor, cujo nome permanece indeterminado, de duas outras cópias de pinturas de Da Vinci: a “versão Ganay” do Salvator Mundi (em homenagem a seu dono, o Marquês de Ganay) e a Santa Ana, do Hammer Museum.
Tudo que envolve o tema da Monalisa, desde sua encomenda até seu destino final no Museu Louvre, é repleto de mistérios ainda não desvendados. A exposição, no Museu do Prado, traz, assim, nova luz ao tema.
“Leonardo e a cópia de Mona Lisa. Novas abordagens sobre o trabalho da oficina do vincino” estará aberta ao público até 23 de janeiro de 2022, em Madri, na Espanha.